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Capela Nossa Senhora dos Remedios – Medroes

Capela Nossa Senhora dos Remedios – Medroes

Este templo de planta rectangular foi bastante descaracterizado pela adição de uma sacristia de dois pisos no alçado lateral direito, tendo-lhe sido acrescentado, inclusivamente, a partir desse alçado, um insólito paredão que envolve e tapa toda a fechada posterior.
A frontaria do século XVIII possui entrada de lintel plano, amparado por capiteis de pilastra e é ladeado com duas janelas rectangulares gradeadas, de boa cantaria. Sobre a porta, um ressalto sobrelevado onde se destaca uma carteia simples e anepígrafa, está um frontão triangular interrompido por uma cruz almofadada e ladeado de pináculos triangulares, rematados com esferas.
O tímpano do frontão tem ornatos relevados de volutas afrontadas. Quase a culminar a frontaria abre-se um nicho central, de arco perfeito, sem imagem.
Nos ângulos da fachada principal erguem-se coruchéus longilíneos e, junto ao beiral do lado direito, repousa uma pequena sineira de arco perfeito, de moldura almofadada, sem sino. O referido campanário coroa-se com pináculos triangulares laterais e um plinto central com remate bolbar.
O alçado esquerdo, ainda preservado, denota o traço setecentista que presidiu à construção da capela. Aí, uma porta protegida com uma cornija adintelada e relevada, bem como uma janela rectangular com moldura de aboamento, permanecem incólumes à bizarra obra que o resto do edifício sofreu.
De facto, a fachada traseira está também descaracterizada pelo paredão que, prosseguindo do alçado direito, a ampliou – tanto no que respeita à cércea como à volumetria – redimensionando-a.
Na verdade, este paredão foi construído para proteger a Capela dos ventos do Marão.
Nesta fachada posterior, ao cimo do muro, repousa ainda a cruz de granito almofadado, semelhante à da frontaria. A obra de cimento envolveu de tal forma duas das primitivas paredes que o templo adquiriu um aspecto de bunker, divisando-se aqui, através da única abertura que possui, a moldura de pedra de uma janela pertencente á primitiva sacristia. Significativamente, do maciço alçado direito, emerge ao nível do telhado uma gárgula de canhão.
No interior salienta-se um altar de talha barroca nacional, com colunas torsas parcialmente estriadas, baldaquinos, volutas, medalhões, anjos, conchas e representações de putti, datado de 1741. O tecto é de caixotões, cujo restauro, terminado há poucos anos, pintou com cor dourada e revestiu de telas representativas de figuras e cenas bíblicas, do Antigo e do Novo Testamento.
Na nave, na parede lateral esquerda, realça-se a existência de um púlpito de talha com escada em pedra, assente numa mísula granítica relevada com voluta canelada e pintura de escariola em cor de salmão.
Na sacristia, uma pia e bica de cantaria moldurada e almofadada onde sobressai um ornato de coração, está concebida à maneira do século XVIII.
A capela abriga as imagens de Nossa Senhora dos Remédios, em madeira, de gosto popular e inacabada, uma Nossa Senhora dos Remédios em madeira, do século XVIII (que anteriormente estava no nicho exterior), Santa Rita de Cássia e S. Francisco, ambos setecentistas, em madeira pintada e a Senhora dos Aflitos, do séc. XVIII, também em madeira.
Do seu espólio constam, igualmente, dois ex-votosde madeira pintada. O primeiro representa um homem acamado perante a aparição da Senhora dos Remédios e possui o seguinte texto: “M(ilagre) q(ue) fes N. Senhora dos Remedios em João Silva / do sitio da Regua q(ue) vendoce gravemente enfermo em perigo de / vida sendo o acudido a esta divina Senhora, logo teve saude”. O segundo representa Nossa Senhora dos Remédios com o enfermo a orar ajoelhado e a família disposta ao redor de um leito de dossel, também a orar. O texto que o acompanha é o seguinte: “M(ilagre) q(ue) f(ez) N(ossa) S(enhora) do Remedio em Manoel Martins do Pezo da Regoa / que estando muito, enfermo de uma malina grande ia / sem esperança de bida foi N(ossa) Senhora servida darlhe saude, 1737”.